domingo, 6 de abril de 2025

Prece de Luxúria


Desejo tua presença.

Não é só querer —

é reza,

é febre,

é carne em oração.


Teu cheiro me doma,

suave tempestade,

acalma o caos em mim

como se soubesse o caminho

dos meus labirintos.


Teu gosto —

quente,

denso,

selvagem.

Gruda na minha boca,

fica…

marca.


E teu suor,

ah, teu suor —

é vinho pra minha sede,

é sal pra minha fome,

é tua essência

derretida na minha língua.


Quero teu corpo inteiro.

Mapa sagrado,

bússola invertida.

Percorrer cada centímetro

como quem descobre

um novo mundo

com a ponta dos dedos.


Sonho o possível.

Mas é no impossível

que me perco.

É no impossível

que te vivo.

É no impossível

que somos.


Juntos.

Incontornáveis.

Latinos.

Sangue em ebulição.

Pele, pulsação.

Nós.

Nosso.

Infinito.

Saudade em verso


Um gosto amargo, tom de despedida,

saudade que aperta o peito e a razão.

Memórias vivas, ternura ferida,

teu nome ecoa em cada pulsação.


Nos achamos, e em nós nos perdemos,

no mesmo passo, luz e escuridão.

Fomos desejo, e medo — nos doemos,

cumplicidade em doce contradição.


Sonhei teu riso em dias tão banais,

no sol, na chuva, no inverno a chegar.

Mas restam planos soltos, nunca mais,

e a dor de não poder te despertar.


Tua pele em mim, tua alma em meu canto,

e o impossível... ainda é meu encanto.