terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Canto da sereia

Canto pra você
como quem lança rede no silêncio.
Canto de sereia —
em busca de um peito seguro
onde o som possa descansar.

Teu incenso desperta minha flor,
abre o corpo,
fica preso nas narinas
toda vez que ascendo.

Toma meu sumo,
meu suco de corpo,
minha fruta madura.

Come a Lótus —
úmida, orvalhada,
sagrada como o capim
que nasce no abandono.

Não sou santa.
Sou teia.
Sou veia.
E te devoro.

Intimidade não é língua.
É linguagem.
É metáfora.

E agora, me diz:
o que fará com o prato?
Vai lamber o resto
ou jogar o verso fora?

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