Ora o piloto esquece que não está sozinho,
ora é a gente que se preocupa demais com o que vem pela frente.
Nos primeiros dias, foi cômico.
Em cima da 125, eu só pensava em não bater em nada.
Viajava o caminho inteiro torta e dura —
cabeça pra fora do eixo da moto,
tentando espiar o que vinha pela frente,
corpo torto de medo de me ajeitar e causar um acidente.
Lá ia eu:
troncha, com câimbras nas pernas,
bunda fora do banco
e cabeça quase fora da moto.
Hoje, mais acostumada, às vezes ainda acontece.
Se carrego uma mochila pesada e o piloto passa com tudo pela lombada,
tudo sai do lugar:
a mochila puxa pra um lado,
a bunda sai do centro,
as pernas travam.
Só a cabeça continua firme —
porque o medo, esse, nunca sai do lugar.
Ou você aprende a confiar no piloto,
ou vai de carona parecendo um saco de batatas com olhos arregalados.
Claro, há sempre a opção de pilotar a própria moto.
Mas, definitivamente, não é pra mim.
E assim seguimos —
sempre em busca do equilíbrio,
confiando no piloto
quando não é a gente quem pilota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário