quinta-feira, 19 de novembro de 2015

NaCL(sal)

Há uma lenda antiga — ou talvez só uma sabedoria anônima — que diz que só conhecemos de verdade quem caminha ao nosso lado depois de dividir com essa pessoa os quilos de sal da vida.

Um dia, durante uma DR, cobrei do meu companheiro a falta de envolvimento com as coisas da casa.
Entre frases efusivas e algumas contundentes, disparei:

> “Você sabe se temos óleo em casa? Açúcar? Sal?
Sabe quanto temos de cada coisa?”



E fui seguindo, como quem mede amor em colheres e panelas.

Santiago, meu filho, ouvia tudo com atenção.
Tinha pouco mais de um ano, mas já entendia o essencial da conversa: a importância do sal.

Alguns dias depois, o pai o repreendeu por alguma traquinagem.
E ele, firme e indignado, devolveu sem pestanejar:

> “Pai, você compra sal?
Você nem compra sal e quer brigar comigo?”



Pois é.
O sal é mesmo o que sustenta as relações.
Dá gosto, dá limite, dá corpo.
Na vida familiar, sobretudo nas funções de mãe e pai,
é ele que impede o afeto de azedar.

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