segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Voa...mulher!


O mar é assim —
um leva e traz constante.

Enquanto isso,
minha pele segue seca,
sedenta pelo teu olhar
— orvalhado, fértil.

A esperança embrutece.
Sente a fome-desejo deste corpo
que anseia por teus olhos
cheios de calor.

A bruteza risca a pele,
sulca os dias,
à espera dos beijos prometidos
que talvez nunca venham
molhar, matar, ou acalmar
essa angústia de amor
que ainda insiste.

Teu sorriso
é uma das poucas lembranças
que não secaram.
Mas, aos poucos,
também se esvai —
seca no imaginário,
dá novas formas
ao teu conteúdo.

Vai, mulher...
voa, beija-flor.

Não esperes mais por beijos
que não trazem amor.

Vai, mulher...
voa, beija-flor.
Não deixes o tempo
secar teus afetos.
Voa agora —
há outras flores
te esperando.

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