já não seduz mais.
Como cantou Nando Reis em Cegos do Castelo:
> “Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu.”
A paranoia —
que antes fazia rir, dançar,
ouvir Raul no último volume —
hoje não diverte.
Assusta.
No real da vida,
ela tem dentes.
Os delírios,
que tanto inspiraram a arte de escrever,
pela liberdade e pela febre da criação,
hoje são apenas sintoma.
A alucinação,
que um dia foi prazer —
doce, lúdica, colorida —
agora acovarda como fantasma de infância.
A mesma covardia de quem, criança,
se escondia sob o cobertor
pra não ver o que não era real.
Quebrada,
sem fraturas expostas —
fraturas mentais.
Elas doem,
latejam,
sangram,
sufocam.
Camus talvez tenha se aproximado
da palavra certa pra essa dor.
Em vez de depressão,
chamou de desespero.
E fez do suicídio
a questão filosófica mais urgente da humanidade.
(O Mito de Sísifo).
Freud, por sua vez,
disse que só se chega à análise
por dois caminhos:
o amor ou o trabalho.
Não sei como terminar.
Mas espero que termine bem.
(...)
O que antes era graça,
não encanta mais.
Como cantou Nando Reis em Cegos do Castelo:
> “Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu.”
A paranoia que antes fazia rir
hoje assusta.
O delírio que antes criava
hoje consome.
A alucinação que antes libertava
hoje aprisiona.
Quebrada —
sem fraturas expostas —
as dores agora vivem no corpo.
Doem.
Latejam.
Sufocam.
Camus chamou de desespero.
Freud, talvez, de análise.
Eu, só de vida.
E ainda assim,
espero que termine bem.
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