Era a primeira série.
O nome da professora era Ariane.
Eu observava, com um olhar tímido e curioso, meus futuros colegas e todo aquele novo mundo cheio de cores e barulhos.
Sobre as mesas, as lancheiras mais escalafobéticas que eu já tinha visto.
Estojos multicoloridos.
De dentro deles saíam lápis, borrachas, apontadores —
objetos pequenos, coloridos, mágicos.
Tudo me parecia um tesouro.
A certa altura, a professora começou a chamar os nomes dos alunos:
— Fulano de tal!
— Presente! — respondia o fulano.
E assim ela seguia, um por um.
Eu comecei a ficar angustiada.
A qualquer momento, podia chegar a minha vez.
E chegou.
— Rosana!
Uma, duas, três vezes ela chamou.
E eu, quieta, pensando comigo:
> “E agora? O que eu faço?”
Ela olhou pra sala e perguntou:
— Quem é Rosana?
E eu, sem muita alternativa, respondi:
— Sou eu!
— E por que você não diz ‘presente’? — ela perguntou.
E eu, com toda sinceridade do mundo:
— Porque eu não trouxe!
Na minha cabeça, todos aqueles objetos que as crianças traziam —
as lancheiras, os estojos, os lápis —
eram presentes pra professora.
Ela sorriu com doçura e me explicou o que realmente significava dizer “presente”.
Fiquei aliviada.
Aprendi.
E aprendi também que a vida é isso:
todo dia é um novo primeiro dia de aula.
Todo dia dá pra aprender algo —
uma palavra, uma música, um gesto,
ou encontrar um novo amigo.
A vida está aí,
cheia de encantamentos,
o tempo todo.
E eu só quis contar pra vocês. 🌷
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