terça-feira, 20 de outubro de 2015

Primeiro dia de aula

Ainda trago muito claro na memória o meu primeiro dia de escola.
Era a primeira série.
O nome da professora era Ariane.

Eu observava, com um olhar tímido e curioso, meus futuros colegas e todo aquele novo mundo cheio de cores e barulhos.

Sobre as mesas, as lancheiras mais escalafobéticas que eu já tinha visto.
Estojos multicoloridos.
De dentro deles saíam lápis, borrachas, apontadores —
objetos pequenos, coloridos, mágicos.
Tudo me parecia um tesouro.

A certa altura, a professora começou a chamar os nomes dos alunos:

— Fulano de tal!
— Presente! — respondia o fulano.

E assim ela seguia, um por um.

Eu comecei a ficar angustiada.
A qualquer momento, podia chegar a minha vez.

E chegou.

— Rosana!

Uma, duas, três vezes ela chamou.
E eu, quieta, pensando comigo:

> “E agora? O que eu faço?”



Ela olhou pra sala e perguntou:

— Quem é Rosana?

E eu, sem muita alternativa, respondi:

— Sou eu!

— E por que você não diz ‘presente’? — ela perguntou.

E eu, com toda sinceridade do mundo:

— Porque eu não trouxe!

Na minha cabeça, todos aqueles objetos que as crianças traziam —
as lancheiras, os estojos, os lápis —
eram presentes pra professora.

Ela sorriu com doçura e me explicou o que realmente significava dizer “presente”.
Fiquei aliviada.
Aprendi.

E aprendi também que a vida é isso:
todo dia é um novo primeiro dia de aula.
Todo dia dá pra aprender algo —
uma palavra, uma música, um gesto,
ou encontrar um novo amigo.

A vida está aí,
cheia de encantamentos,
o tempo todo.

E eu só quis contar pra vocês. 🌷

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