Eu preciso gritar GOL!
Preciso gritar gol quando é Copa do Mundo
e vejo em campo a luta de tantos povos.
Preciso gritar gol
porque passo a semana inteira enterrada
nos problemas da comunidade —
gente que vive uma realidade dura,
tão dura quanto a minha.
Preciso gritar gol.
É meu momento de catarse.
E não é só o meu.
É o grito de tanta gente.
O grito de tantos discursos.
O grito do povo oprimido na favela —
e de outros mais.
É o grito dos discursantes do busão,
que às vezes, pra minha tristeza,
discursam como “coxinhas”.
E isso me assusta.
Porque não há nada mais triste
do que um discurso-coxinha
ecoando dentro do ônibus,
no beco da favela.
Ser coxinha hoje
não é mais demérito da classe média.
É uma contaminação.
E eu me pergunto:
o que leva essas pessoas a acreditarem na mídia?
Essa mídia frágil, televisiva, manipuladora —
que vende uma ideia de realidade
embalada em luzes e slogans.
Pode ser romantismo,
mas penso que se cada um refletisse sobre o que vive,
sobre o que passa dentro e fora de si,
as relações seriam outras.
Com menos preconceito,
menos medo,
menos rótulos —
e mais humanidade.
Porque até quando fala de preconceito,
a mídia tenta enfiar outro goela abaixo.
E a gente engole.
Todos nós.
Eu fico feliz
quando vejo um amigo gritar nas redes:
> Vai, Argélia!
Vai, Costa Rica!
Dale, Uruguai!
Vai, Costa do Marfim!
Gana!
Porque sei que estão dizendo muito mais do que isso.
Desejam muito mais do que gol.
Desejam justiça social.
Desejam igualdade.
Desejam respeito.
Desejam o fim da opressão.
É só por isso que eu grito GOL!
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