Minha intenção ao escrever neste blog não é ensinar o caminho da saída pra ninguém.
Porque a saída — se é que existe — depende de cada um.
E nem eu encontrei a minha ainda.
O que quero é fazer daqui a minha tentativa de saída,
através do que gosto de fazer: escrever.
Escrever é meu modo de respirar,
meu jeito de lutar contra a dormência.
Como já disse antes, quase todos os prazeres me foram roubados —
pela doença, pela medicação, por esse amortecimento da alma.
Sim, a medicação ajuda.
Mas é difícil falar da anestesia dos sentimentos.
Ela não apaga só a tristeza —
leva também a alegria, o prazer, o gozo.
Ainda assim, se o que escrevo servir pra alguém,
já será melhor do que o esperado.
Sou dessas que quer sentir tudo intensamente.
E quando não sinto —
nem a alegria, nem o terror —
bate um desespero manso, mas profundo.
Além de escrever, gosto de ler,
de tocar com a banda,
de conversar com amigos,
de tomar uma gelada.
E à medida do possível,
tenho feito isso pra me manter viva.
Tenho contado com quem gosta de mim.
Não preciso de pena, nem de piedade.
Estou de pé —
sem forças, mas de pé.
O que quero é voltar a caminhar pela vida,
sentindo de novo —
sem tanto medo do que possa me afetar.
E, gente, todos estamos sujeitos a isso.
Mais do que imaginamos.
Porque o mundo quer de nós
coisas que talvez nunca consigamos dar.
E nós também temos desejos que são indestrutíveis,
que não cabem na realidade,
e isso nos frustra, fere, nos rasga.
O título deste blog, Dê Pressão à Vida,
é de propósito.
Porque a mesma pressão que nos esmaga
é a que precisamos devolver pra conseguir sair da bolha.
Como uma bola debaixo d’água:
quanto mais o mundo empurra pra baixo,
mais força precisamos fazer pra subir.
As coisas que me ajudam nos piores dias são simples:
banho, água e escrever.
É o que me alivia.
Ah, e voltei a fumar.
Tinha parado por dois meses,
engordei dez quilos —
e isso só piorou tudo.
Agora já se foram quatro.
Não é prioridade, mas ajudou.
Um passo de cada vez.
Mas o principal passo é compreender
que não é o outro que me atinge —
é como reajo ao que acredito ser ameaça.
Não sei como vim parar aqui.
Foi lento.
Quase imperceptível.
Até se tornar insuportável.
Mas daqui eu me recuso a ficar.
Do fundo do poço da solidão,
cada texto que escrevo é um impulso pra cima.
Cada palavra, um renascimento.
Às vezes é preciso deixar certas coisas morrerem mesmo,
pra poder re-começar —
tudo, outra vez.
(Clarissa Pinkola Estés entenderia.)
É um livro que, por enquanto, não recomendo.
Como disse uma amiga querida:
> “Esse livro não é inocente. Ele te rasga inteira.”
E foi isso mesmo:
li, morri, chorei, sofri, quis.
Foi uma mistura de tudo.
Retomarei a leitura
quando minha força vital voltar pro corpo.
Hoje já dei um grande passo:
organizei meu guarda-roupa.
Cinco sacos de roupa,
quinze pares de sapato embora.
Parece banal, mas é ritual de limpeza.
Espaço pra respirar.
Pra saber onde está cada coisa,
pra sentir que posso me mover.
Enquanto o analista está de férias,
vou me analisando com o guarda-roupa mesmo (rs).
Jogar fora o que não serve mais.
Dar espaço pro novo.
Menos peso, mais ar.
Na vida também é assim:
carregamos coisas que nunca serviram.
E às vezes é hora de doar,
esvaziar, desapegar,
pra ver o que realmente somos sem o excesso.
Por enquanto é isso, minha gente querida.
Ainda meio tímida, ainda sem estilo,
mas viva.
E viva é o bastante por hoje.
Então, bora tomar uma água e um banho quase frio?
Pra cima da vida!
O som não pode parar!
Pra cima da vida, Toninha —
com pressão, fia!
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