quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Homem

Como diz aquela música do Raul : O Homem, "no momento em que eu ia partir, resolvi voltar...Muitas vezes é assim que acontece e quando consigo vencer a barreira do corpo que simplesmente se nega à caminhar e tento dar alguns passos os sintomas simplesmente tomam conta de tudo que eu chamo corpo.
Mas não estou aqui pra brincadeiras, estou para lutar contra isso, passando mal ou não. Simplesmente lutar...
É tão belo ver o detergente vencendo a gordura enquanto lavo a louça. E é assim, sentindo a beleza de cada passo que vou sair dessa. 
Toda vez que arrumo a cama, que consigo sair dela, é bonito para mim. Pequenas coisas que não fazem sentido para muitos de vocês, para mim é bonito.
Fiquei alguns dias sem escrever, pois com a mudança da medicação veio um turbilhão de coisas que jamais imaginei sentir. O médico disse que seria difícil, eu pensei num mal estar, sono, sudorese, coisas do tipo. Mas a verdade é que tive alucinações e delírios pesadíssimos. Então esperei passar essa fase de adaptação, até porque algumas coisas precisam ser digeridas, ruminadas, compreendidas, pra depois sair. Sem contar alguns sonhos que consegui lembrar e escrever. E tive coragem pra ler apenas uma vez. Talvez eu volte a ler esses tais sonhos pro meu analista.
O que é certo e bonito nesse caminho é perceber o que não me serve mais, como fiz com as roupas que doei. É bonito poder caminhar um passo de cada vez sabendo onde se está indo e principalmente o porquê. 
Se bem que o que quero de verdade é um mistério ainda, porque sou multifacetada pras escolhas da vida cotidiana e prática.
Mas o que eu não quero mais eu já sei. E pra mim já é um grande, um enorne passo.
Agora estou me preparando pra quando chegar o momento da escolha, da decisão, enfim da elaboração desses conflitos que me trouxeram até aqui.
Sempre que vou escrever eu escuto Belchior, fora o terceiro texto que escutei Caetano e Renato Braz.
Hoje não escutei nada, (está muito cedo ainda), mas penso sempre em Sérgio Sampaio. Escutem algum dia uma música dele. Poeta feroz, sem medo do que escreve. Sempre preferi o lado melancólico da vida. É difícil olhar o mundo e seguir feliz e sorridente. Por isso prefiro os "malditos", sejam eles compositores ou escritores. 
Porque a vida me fez assim, ainda tenho um douçura guardada comigo e vou usá-la nos momentos em que for necessário, quando toda a amargura decidir tomar conta do meu corpo.
Creio que é o que tenho feito aqui a cada vez que escrevo. Apesar da dureza de algumas palavras, procuro sempre a leveza em outras...E assim vou caminhando, um dia após o outro, como o detergente vencendo a gordura da louça suja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário