domingo, 8 de fevereiro de 2015

Uma sessão de análise

Hoje, quarta feira (04/02/2015) fui à sessão de análise meio sem saber o que dizer. Há não ser sobre o acontecimento inusitado do fim de semana.
Bom mesmo é ir assim, sem saber o que dizer e quando diz algo ainda acrescenta na maior cara de pau de frente com o insconsciente: "nem sei porque estou dizendo isso"...
E segue a sessão...
Sessão álias que começa antes de chegar ao setting analítico, antes da entrada no consultório.
Começa pelo horário novo que tenho que chegar, a grana que tenho que pagar e por vezex não a tenho. A roupa que vou usar - isso quando observo que começo a melhorar- antes isso não tinha sentido pra mim. Do jeito que eu estava em casa eu ia. Super em cima da hora, pelo medo de sair à rua, etc...
O fato é que hoje fui lendo Clarice Lispector. Um livro dificílimo para mim nesse período. Leio um parágrafo e sinto vontade de queimar, jogar na parede, rasgar, jogar no lixo, enfim...
Como não me canso da coragem e mesmo sabendo que vai doer estou seguindo na leitura e na vida.
Mesmo que eu leia duas páginas e guarde na bolsa tal livro, com raiva e aos prantos. Verdadeira relação de amor e ódio com o livro, a autora e comigo mesma.
Hoje, sem grana pra pagar a análise, mal pelo dia que passei ontem e mal pelo que lia enquanto avançava o trajeto até Santo André. Hoje, justo hoje, foi um dos dias mais significaticos com meu analista.
Não só Clarice me perturbou, como também os contos que consegui trazer sobre mulheres que correm com os lobos (outro livro que tenho sofrido pra ler), até onde consegui eu troxe pra análise. Sobretudo o conto da mulher esqueleto e sapatinhos vermelhos. Parei de ler pois achei que não era o melhor momento.
Mas não há momento. O momento é hoje, agora, ele vem, submerge, nasce e renasce, pois já estava dentro, gestando, esperando o momento de sair. Nascer ou renascer.
Hoje foi um dia desses. Saí chorando de lá, peguei dois ônibus chorando na volta e ainda chorei muito em casa. Pela grandeza da compreensão que pude ter sobre tudo que afeta minha existência. Misto de alegria e ausência, felicidade e angústia, vazio e mais vazio ainda...
O conto da mulher esqueleto foi o que deu o tom de tudo que foi dito hoje.
Se eu pudesse transportar a sessão de análise de hoje pra música, foi como se eu tivesse dito: se liga, vou te falar desse conto em lá menor e meu análista tivesse composto junto comigo uma música, compreendendo cada escala. Compomos juntos uma música na qual pude compreender alguns sentimentos, que tantas vezes foram quardados, pisados, amortizados e quase esquecidos.
Hoje falamos a linguagem do desejo e o endentimento que tive de tudo isso é incomensurável.
Feliz por saber sobre o que não quero e não quero mesmo!
Não quero a falta de ética, nem as fofocas com seus sintomas da vida cotidiana.
Quero o lado huma da vida, seja com dor, sofrência, alegria, seja como for, quero me in-mundicizar da vida, mas quero com ética.
Quero viver o mundo in-mundo! Quero humanizar no sentido mais profundo, dolorosa e rico dessa palavra.Porque não sei viver sem sentir, tampouco sem fazer sentido, não só pra mim, mas pras minhas relações neste mundo.
E quero dedicar esse texto de hoje ao meu analista. Gracias pela troca. Pelo afeto.

Escutem: http://youtu.be/9K3Wj5BZBF4

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